Opinião – Bombeiros Voluntários até quando?

Ser Bombeiro Voluntário é uma das missões mais nobres que qualquer cidadão pode ter. Deixar a família e o conforto do lar para salvar uma vida ou apagar um fogo é um ato de coragem.
Em Portugal, diria que para se ser bombeiro voluntário, é como ser forcado, tem de se ter uma certa loucura, mas saudável.
Os bombeiros voluntários continuam a ser o parente pobre do Sistema Nacional de Proteção Civil. Ainda há voluntários que levam a marmita para comer durante os períodos de serviço de voluntariado.
Ainda há corporações que pedem à população água, leite e alimentos sólidos para os bombeiros levarem para os fogos. Como se os bombeiros fossem uns pobres coitados dependentes da compaixão e misericórdia.
Todos sabemos que a maior parte das corporações de bombeiros tem dificuldade em atrair voluntários. O Estado não criou incentivos e alguns comandantes colocam nos voluntários o mesmo grau de exigência que põem nos profissionais.
Um bombeiro tem de estar preparado para a sua missão a todos os níveis: físico, mental e emocional.
Como é que alguém que faz dois turnos num mês pode estar preparado ao mesmo nível dos que integram as Equipas de Intervenção Permanente como profissionais e estão no terreno todos os dias?
As associações de bombeiros investem rios de dinheiro na formação, nos equipamentos de proteção individual, sabendo que podem contar com o voluntário duas noites num mês? E o voluntário irá seguro para o teatro de operações, quando não treina em cenário real?
Com o maior respeito e gratidão por todos os voluntários, a vida que temos não permite continuarmos desta forma e com este modelo por muito mais tempo.
É urgente investir na profissionalização dos bombeiros e tratá-los como profissionais de carreira. Para tal teremos de garantir uma remuneração justa face à exigência e ao risco da profissão.
Com salários adequados poderemos exigir a exclusividade. Ter bombeiros a 100% no corpo de origem.
Evitaremos que bombeiros a quem a associação patronal paga a formação, segurança social, seguro e outros direitos tenham outros empregos, negócios, avenças ou biscates. Alguns de duvidosa legalidade e sem a ética que se recomenda a um bombeiro.
Opinião – Nelson Lopes – Jornalista desde 1990. Gestor de Comunicação