Opinião: Mário Reis-Irresponsáveis! Idiotas! Egoístas!
Mário Reis: Professor do 1º ciclo no Agrupamento D. Sancho I, Pontével
Membro da Assembleia Municipal do Cartaxo
Dirigente associativo dedicado ao teatro
Como sabemos, nem tudo o que circula nas «redes sociais» é de origem fidedigna, porém, dada a pertinência e oportunidade, entendi dar voz a uma publicação atribuída a uma médica do Serviço Nacional de Saúde, sobre os comportamentos individuais relativamente à pandemia:
Basta! Atingi o meu limite! Só me apetece mudar de profissão e emigrar!
Irresponsáveis! Idiotas! Egoístas!
Estão fartos de estarem fechados? Fartos de não irem passear? Fartos de andarem de máscara? Fartos de não estarem com as pessoas de quem gostam?
TAMBÉM NÓS!
Pasme-se: TODOS os profissionais de saúde também estão fartos de tudo isso!
Mas estamos sobretudo fartinhos do desrespeito com que o Governo e boa parte da população nos tratam!
O Governo “presenteia-nos” insultuosamente com a UEFA, mas parecendo esquecer ou ignorar que:
. Muitos de nós tivemos e temos que assegurar o nosso material de proteção no trabalho com o NOSSO dinheiro!
.Temos que assegurar a abordagem e vigilância de doentes e suspeitos de Covid e assegurar vigilância dos não-Covid com tarefas e teleconsulta e fazer urgências.
. Férias dos profissionais de saúde: previamente proibidas. Atualmente ainda proibidas em regiões de maior incidência de Covid! (mas no Jornal da Noite: praias cheias, reabertura de centros comerciais. Faz sentido)
E enquanto andamos diariamente “plastificados“ e isolados de família e amigos, sempre com medo de os infetar, vemos:
. Doentes não-covid literalmente zangados connosco, porque “a Doutora não me quer fazer a consulta”, parecendo ignorar que há uma pandemia e prioridades e que, ainda assim, os seus pedidos são atendidos (mesmo os mais burocráticos) e que se tentam fazer as teleconsultas;
. Esplanadas cheias de pessoas alegremente a conviver sem máscara;
. Manifestações que, por mais digna que seja a causa que defendam, atentam contra a saúde pública;
. Festas de 100, 200, 1000 idiotas (!), que depois de me provocarem a ira, dão-me vontade de me atirar ao chão e chorar compulsivamente.
Não dou um beijo a minha mãe há 3 meses. Visito-a rapidamente, de máscara e luvas e a tristeza é mútua. Mas é meu dever protegê-la, porque a amo.
É assim que deve ser numa pandemia. Proteger os mais vulneráveis e todos respeitarmo-nos mutuamente.
Neste momento, grau de motivação para trabalhar: – 100
Aos colegas resistentes, sem palavras…
Ao colega que faleceu de Covid-19, todo o meu respeito. Profunda tristeza.
A todos os cidadãos cumpridores e compreensivos, muito obrigada pelo vosso sacrifício. Do fundo do coração.
A todos os que me têm vindo a desrespeitar desde o início da pandemia, enquanto cidadã e médica, peguem nas vossas palmas e na liga de campeões, enrolem-nas bem enroladinhas… e sentem-se encima!
Obrigado Doutora, obrigado Professor, obrigado Locutor, obrigado Funcionário, obrigado…