Opinião – A Guerra é um desperdício ou não faz sentido

Começo por escrever sobre um homem que marcou a diferença: Raoul Follereau.
Trata-se de um escritor, jornalista e filantropo francês, conhecido por ter fundado, em 1967, uma associação de luta contra a lepra, atuando um pouco por todo o mundo, mas em especial nos países de África.
Durante a Segunda Grande Guerra, Follereau distingue-se como ativista anti-nazi e defensor de uma França livre, o que lhe valeu a perseguição da polícia política.
Decidiu correr mundo a fazer conferências acerca da lepra, e em 1953, funda uma cidade na Costa do Marfim, Adzopé, para tratamento e cuidado dos leprosos.
A valorização da sua coragem tem tudo a ver com o estigma a que os leprosos estavam sujeitos à época: frequentemente eram abandonados em poços, em florestas, em espaços fortificados…
Apesar das minhas antigas e constantes desconfianças relativamente a estas “caridades”, o exemplo deste homem sempre mereceu alguma da minha atenção, desde muito novo. Conheci, na primeira pessoa, o drama dos leprosos e das leprosarias, por motivos que não cabem neste espaço.
Agora a guerra:
Raoul Follereau, escreveu uma carta pessoal aos chefes dos dois blocos beligerantes, protagonistas da Guerra Fria, dos anos sessenta: o americano Richard Nixon e o soviético Leonid Brezhnev. Pedia a cada um, um porta-aviões!
Com o objetivo de «construir, em todas as principais cidades africanas, um hospital equipado para o diagnóstico, acolhimento e tratamento de portadores de lepra». Afirmando que ainda sobraria dinheiro «para manter essas unidades por um período de dez anos, o suficiente para irradicar a doença da face da Terra».
Não obteve qualquer resposta, eu tive acesso ao conteúdo dessas missivas através da sua publicação na imprensa da época.
A guerra só interessa à (re)construção e em primeiro lugar à indústria do armamento e equipamento bélico!
Com tanto investimento necessário na cultura, na educação, na luta contra a pobreza, na saúde… gastar dinheiro em aço e em betão não faz qualquer sentido.
Sem que nos esqueçamos das vidas perdidas e destroçadas!!
Opinião – Mário Júlio: Professor do 1º ciclo no Agrupamento D. Sancho I, Pontével e dirigente associativo dedicado ao Teatro