Opinião – A pornografia de uma minoria

Uma ativista transexual subiu ao palco do teatro São Luiz, em Lisboa, na passada quinta-feira, e interrompeu a peça “Tudo Sobre A Minha Mãe”.
A performer travesti brasileira Keyla Brasil reclamou com gritos histéricos que uma personagem transexual estava a ser representada por um ator do sexo masculino, André Patrício.
Perante o protesto aplaudido por algum público e pelos restantes atores (já estariam à espera?), a peça foi suspensa e quem assistia saiu ordeiramente.
O encenador Daniel Gorjão reconhece que foi uma opção falhada e no dia seguinte colocou uma atriz transexual no papel, mantendo o ator substituído na peça onde já fazia outros personagens.
André Patrício reagiu com indignação, mas tem de continuar a trabalhar para ganhar o pão.
Deixo algumas dúvidas sobre este protesto manifestamente exagerado, mas alegadamente planeado para dar mais canal à peça e à causa.
Questiono:
Se um cidadão comum invadir um palco num qualquer teatro do país ser-lhe-á permitido protesto semelhante?
Não estamos perante um comportamento censurável e punível pela Lei?
Imaginem alguém desempregado e ciente das suas competências, subir a um palco e afastar um apresentador homossexual ou transgénero porque estaria convencido que faria melhor.
Era considerado louco e detido?
E se um de vós, na vossa profissão, protestar porque o vosso desempenho seria mais apropriado à função desempenhada por outro colega?
O direito ao protesto e à indignação é um direito de todos e inalienável.
A minha liberdade termina onde começa a sua.
O que aconteceu no São Luiz foi mais um ato abusivo de pornografia intelectual de uma minoria.
E com sucesso.
Se a moda pega…
Opinião – Nelson Lopes – Gestor de Comunicação