Opinião: Diz o provérbio que o copo está meio cheio ou meio vazio, conforme o ponto de vista.
Diz o provérbio que o copo está meio cheio ou meio vazio, conforme o ponto de vista.
Diz outro provérbio que com papas e bolos se enganam os tolos…
Não são mais do que provérbios… sem ofensa!
Para quem redige, para quem defende, para quem divulga os relatórios de contas do Município.
Ora vejamos: deu motivo de grandes parangonas em toda a comunicação social local, o facto de a Câmara do Cartaxo ter reduzido o «passivo em mais de dois milhões de euros em 2019» (sic).
Bem, primeiro é preciso saber o que é isso do «passivo», podíamos consultar o “Dr. Google”, mas por via das dúvidas, vamos a um autor que não deixa dúvidas à maioria, Edgar Valles e o seu Guia do Autarca:
Os passivos financeiros são o conjunto dos empréstimos, dos contratos de locação financeira (habitualmente designados por “leasing”) e das dívidas a fornecedores e outros credores.
Bem, se reduziu o passivo, significa que se reduziram as dívidas a quem executou serviços ou forneceu matérias ou equipamentos à Câmara; quer dizer que se pagou às empresas que venderam alguma coisa e que ainda não tinham recebido; e significa que se pagou alguma dívida da ajuda financeira, o tal empréstimo disponibilizado pelo FAM (Fundo de Apoio Municipal).
Ainda bem.
Mal comparado, eu sei: é como um anjo se vangloriasse de ter feito uma boa ação… não é esse o seu dever?
Para se perceber melhor: se estivéssemos a falar do cidadão singular, o seu “passivo” seria, por exemplo, um empréstimo para comprar a sua casa. Nesse caso, tem uma dívida para com o banco, que para o cidadão representa uma obrigação, um custo. As prestações do cartão de crédito, a conta da água e da eletricidade ou os impostos são outro exemplo do que podem ser os nossos passivos.
O problema dos passivos é contribuem para diminuir o poder de aquisição de quem os tem. E, pelo exposto, facilmente se conclui que os piores passivos são os que geram maiores despesas com o menor valor investido. Por exemplo, um empréstimo com uma taxa de juro alta.
Foi este um dos motivos que nos levaram a combater o tal FAM: o Estado não ajudou os Municípios endividados – castigou!
E os responsáveis pela má gestão dos recursos públicos, e os outros, que assobiaram para o lado todos esses 10 anos, não sofreram qualquer admoestação…
Bem, regressemos ao relatório de contas para se perceber a história do copo e do conteúdo:
A execução da receita foi de 88%, ou de 12% negativos… e lá veem os estacionamentos gratuitos…
Já a execução da despesa foi de 78%, ou de 22% negativos… o que só se pode justificar pela ausência de investimento no Concelho, mesmo que as notícias do Facebook pretendam mostrar o contrário…
Apesar de serem do tamanho de uma resma de papel, os documentos que tivemos que vasculhar em apenas três dias pareceram-nos de grande correção técnica.
Muito mais poderíamos dizer (politicamente) se falássemos dos «resultados extraordinários» ou dos «resultados líquidos positivos», mas já não cabem neste espeço.
Bem hajam e fiquem com SAÚDE! .
Mário Reis: Professor do 1º ciclo no Agrupamento D. Sancho I, Pontével
Membro da Assembleia Municipal do Cartaxo
Dirigente associativo dedicado ao teatro