Opinião – Faz-me festas

Não há fome que não dê em fartura.
Após um cativeiro pandémico de dois anos, multiplicam-se as festas e romarias por todo o país com orçamentos fabulosos para um país pobre e com tanta necessidade básica.
A pandemia permitiu aos municípios e freguesias pouparem milhões e agora é gastar como se não houvesse amanhã.
Não se discute preço, o que importa é ter o melhor artista, o melhor fogo e dar de comer e beber ao povo porque é pelo estômago que se conquista.
Não há limites para a contratação de pessoas e para as horas extra porque é a partir de dentro que se ganham as eleições lá fora.
É saudável esta febre de festejos porque anima as pessoas e coloca a economia a funcionar. Principalmente as pequenas economias que estiveram privadas de trabalho e sustento durante dois longos anos.
Quem resistiu tem recebido balões de oxigénio.
E junta-se o útil ao agradável.
O povo gosta de festa. A maioria dos eleitores valoriza mais a festa que a saúde, a educação, a segurança, o emprego, a habitação…
Pouco importa não ter médico, não ter maternidade a funcionar, não ter segurança, não ter uma casa digna, não ter trabalho com direitos.
Temos festa e enquanto estamos em festa tudo esquecemos.
Tristezas não pagam dívidas e o amanhã a Deus Pertence.
Siga a festa para diante que atrás vem gente.
Opinião – Nelson Lopes – Jornalista desde 1990. Gestor de Comunicação