Opinião A Redação Março 16, 2023 (Comments off) (455)

Opinião – Imprensa comprada nunca será livre 

Celebra-se neste 16 de março o Dia da Liberdade de Informação. 

Por estes dias assistimos a uma castração do Direito de Informar imposta pelos poderes políticos, económico e editorial. 

A data coincide com o nascimento de James Madison, quarto presidente norte-americano considerado o “pai da Constituição” dos Estados Unidos da América.  

Madison nasceu a 16 de março de 1751. Formado em Direito foi o Pai da Constituição e da Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos Estados Unidos. 

E é de direitos elementares que falamos quando os jornalistas são pressionados a especular, omitir, desconstruir, denegrir difamar. Ou no inverso, a promover interesses obscuros, a dar visibilidade positiva a gente cheia de podres, a construir personagens para futuros cargos sejam de políticos, gestores, dirigentes sindicais ou cidadãos com influência.  

A opressão, o clientelismo, o controlo da informação atravessa todas as latitudes.  

Vai desde o Jornal da Paróquia ao consócio internacional de jornalistas que reúne alguns dos melhores do mundo. 

O jornalismo de proximidade é fundamental para o desenvolvimento e progresso das comunidades.  

Os órgãos de comunicação social devem estar próximos das pessoas, sem discriminar quem paga as notícias, entrevistas ou reportagens.  

Seja de forma direta com contratos leoninos de publicidade sem o devido retorno ou através de esquemas pouco claros e de duvidosa legalidade. 

Ainda recentemente um dirigente duma instituição à beira da falência investiu milhares de euros num meio de comunicação para tentar lavar a sua imagem e melhorar a reputação na comunidade e junto dos decisores. 

Defendo que o Estado deve financiar a imprensa com critérios rigorosos que garantam a equidade na distribuição dos anúncios ou conteúdos pagos e a independência dos órgãos financiados.

Através do pagamento da difusão de informação de interesse público.  

Se seguirmos os exercícios de democracia nos órgãos locais: câmaras, assembleias e juntas de freguesia e verificarmos a informação publicada constatamos que a bota não bate com a perdigota.

 Há demasiados filtros e uma ausência total do célebre contraditório que recomenda qualquer jornalista sério a ouvir sempre os dois ou mais lados de uma “verdade”. 

Há “jornalistas” que vendem informação a metro. Uns para sobreviverem, outros para enriquecerem.   

Há uns tempos um conhecido gestor perguntou-me se me parecia interessante investir 5 salários mínimos (3600 euros) num anúncio com direito a uma entrevista e cinco depoimentos de funcionários a dizerem bem dele. 

Fugi à questão. Fingi que não percebi.  

Faltou-me coragem para lhe dizer que se aplicasse essa verba a motivar os seus colaboradores, seria notícia e teria destaque pelos seus méritos de gestor. 

Com ganhos de produtividade, valor, riqueza e reputação empresarial e emocional junto dos que o ajudam a construir o seu pequeno império. 

Os tais que nunca serão notícia nem nos órgãos que apregoam o jornalismo de proximidade.   

16 de março de 2023  

Nelson Lopes  

Licenciado em Ciências da Comunicação  

Pós Graduado em Jornalismo Judiciário e Gestão Autárquica