Opinião – Nunca estivemos tão próximos e tão sós

A contradição entre a tecnologia que nos aproxima e a solidão nunca esteve tão marcada.
Na mesa da pastelaria, neste domingo de ramos, observo uma família numerosa com crianças, pais e avós. Todos com o olhar preso no ecrã do telemóvel enquanto a comida não chega.
O que deveria ser um momento em família é ultrapassado pela necessidade de estar ligado ao mundo fictício onde habitam os personagens que criamos nas redes sociais.
Os momentos em família são sagrados. Cada vez mais raros. É imperioso que aprendamos a valorizá-los antes de perdermos os que amamos e com quem temos tanto para conversar e para sentir.
Leio um estudo credível que informa que nunca tivemos tantos portugueses a viverem sozinhos.
Em Portugal estimamos que haja mais de um milhão de pessoas a viverem sós. Uma boa parte numa profunda solidão.
Jovens, adultos, idosos. A solidão ocupa-se de gente de todas as idades. Uns por opção, outros porque não têm alternativa.
A vida dura, o emprego, a necessidade de deslocação para outros latitudes, o divórcio, a viuvez… Há uma mão cheia de catalisadores da solidão.
Estar só não é necessariamente negativo. Todos precisamos dos momentos de solidão em que nos encontramos com o nosso Eu.
Mas viver só por ausência de companhia seja física ou espiritual pode ser doloroso. A maioria das solidões é dura e penosa.
Viver sozinho pode ser uma opção na qual não devemos intervir, mas podemos evitar que alguém próximo de nós se sinta sozinho. Seja um familiar, um amigo, um colega, um vizinho ou alguém da nossa comunidade.
Um telefonema, uma visita ou surpreender com algo que sabemos que a pessoa aprecia, são atos simples que combatem a solidão.
Já aliviou a solidão de alguém hoje?
Licenciado em Ciências da Comunicação
Pós Graduado em Jornalismo Judiciário e Gestão Autárquica